segunda-feira, 27 de abril de 2009




Acaso

Inimaginável na noite entediante
Conhecer aquele olhar

Olhos de quem procura
De quem espera

Noite quente
Infinita solidão


Teus olhos no livros
Os meus nas tuas mãos

Teu cheiro de menino
Meus braços de algodão

Teus olhos perdidos
Os meus de solidão

Perfeita combinação
Os livros esperaram

Entre palavras, gestos e gostos:
Descobrimo-nos

Ainda não dois assim
Ainda não tanto em comum

Coincidência as iniciais dos nomes
O lugar, propósitos e gostos

A companhia dos livros
A solidão do conhecimento

O acaso me trouxe
Teus olhos de busca

Tua presença
Levou a solidão incômoda

Se o amanhã não o contemplar
Permanecem na memória
As mãos do menino de olhar perdido
Que o acaso me deu de presente




Ana Paula Almeida


terça-feira, 14 de abril de 2009





















Meus poucos anos

Naquele dia
Despretensioso

Meu rosto
Naquela casa
Meus poucos anos

Teus lábios
Chamavam
Meus olhos pequenos

Parados em ti
Minha timidez
Poucas palavras

Teu sorriso
Chamava por mim
Meus poucos anos

Naquele dia
Despretensioso
Começou o futuro

Palavras singelas
Mãos sem lugar
Meus poucos anos

Naquela noite
Aquela casa


O teu sorriso largo
Chamava meu coração
Meus poucos anos

Muitos anos depois
Minhas mãos estão lá
Sem lugar

Meus olhos no teu sorriso
Nos teus lindos lábios
Meus poucos anos

Ana Paula Almeida

terça-feira, 7 de abril de 2009



















Olhos infantes

Os olhos da menina
Divagante no velho sítio

Seu mundo limitado
Ao redor animais

Vê na flor a beleza da vida
E no horizonte a possibilidade de sair dali

Os olhos da menina
Um brilho diferente

Olhos infantes
Distantes como a montanha a sua frente

Não sonha com um príncipe
Sonha seus sonhos secretos

Desejos que não entende
Gostos que os outros desconhecem

Ela gosta de música instrumental
Que alcança sua alma

Dorme ao som de Chopin
E quem é Chopin?


No distante rancho de palha
Aprecia a incipiente literatura da escola

Gosta de Cecília Meireles,
Ouve Chico Buarque no rádio

Dizem: Estranha menina!
Ninguém a apresentou a esse mundo....

Mas sabe que além da montanha
O mundo é infinito

E em seu infinito particular
Inalcançável pelos mortais da pequena comunidade

A pequena menina de olhos distantes
Sente que é um tanto bem maior


Ana Paula Almeida
07-04-2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Presentes

E dos amores que se vão...
Em mim fica um pouco
Do cheiro
Expressões
Sorrisos
Brincadeiras

E dos amores que se vão...
Em mim fica um pouco do que serei
Da sabedoria
Do não levar a “ferro e fogo”
Sorrir mais
E o aprendizado


Dos amores que se vão...
Fica a saudade
Um ser acrescido
Do que de mais belo pude perceber

Dos amores que se vão...
Fica um pouco de mim
Um pouco deles
Uma junção

Do que sempre fui
E do que posso ser ...

Um ser um tanto bem melhor



Ana Paula Almeida












Alma livre


E quando da indisciplina nasce o que de mais real eu poderia criar
Estou em crise, não consigo recriar
Escrever o que me foi imposto
Rebeldia que vem de dentro
Da que deixo escondida para agradar

Mas do não criar o que “devo”
Minha angústia me presenteia
Saem de mim palavras de conhecimento

Me conheço, reconheço
Reage o eu escondido
Tímido por incompreensões

E se não entendem o que escrevo
Porque escrevo,
Deixe como está...


Minha alma se alimenta
Momentos de liberdade
De mim sai verdade

Palavras livres
Independentes da compreensão alheia
Versos que me alimentam

Deliciosa sensação
De dar voz a alma
Descrever o que dela sai...




Ana Paula Almeida
07-04-2009