quarta-feira, 28 de outubro de 2009




Silêncio Noturno

A noite é minha!
É meu o silêncio noturno

De sonhos taciturnos
Me perco entre os muros

A noite é sim minha
Noite de estar comigo

Noite de não ser ninguém
De não agradar

De comigo estar
À vontade

Dentro do um labirinto particular
Bebericar o orvalho da noite

Sonhar que posso
Alcançar o infinito


A noite é minha
E ai de quem duvidar!

Sou noturna
Egoísta, que seja

Desde que eu esteja
No meu mundo de mistérios

É minha a solidão noturna
Me encontro com a lua

Confidencio loucuras com as estrelas
E me vejo parte desse universo

Do silêncio da rua deserta
Escuto o que ninguém mais ouve

A noite é minha
É minha a solidão infinda

Que me embriaga desse não saber
Não me entendo

E meu mistério me seduz
Não ter olhares, ouvidos sobre mim

Falta luz
E o que outrora não via


Salta-me aos olhos como descoberta de criança cientista
Os ruídos da noite me trazem o gosto do desafio

Os dedos espertos anunciam palavras de libertação
O coração diz o que era antes proibido


A noite é minha
Nela me encontro


Ana Paula Almeida
















A você

A você que me tirou da solidão
Que me pôs em seu peito a escutar seu coração

A você que me tirou a frieza do não se entregar por medo
De não dizer o que de mais belo o coração diz

A você que chegou quando tudo se ia
Quando as decepções e frustrações tomavam conta do meu coração

A você que me mostrou que coragem se aprende a ter com sinceridade
E que amar com transparência e sem medo é o caminho mais curto para a felicidade

A você que fez da minha vida um mar de sentimentos bons
Que fez do meu coração abrigo seguro aos bons sentimentos


A você que chegou e me mostrou que era possível apaixonar perdidamente

Que fez das diferenças fonte de amizade e autoconhecimento


A você que me tirou da fila dos de corações mórbidos

E me fez sentir como uma criança que ganha um presente há tempos desejado

A você que me ensinou que carinho é a linguagem mais forte
E me fez ver que a vida sem um grande amor não é plena

A você que me apareceu como um presente de Deus
E me permitiu ser uma pessoa melhor

A você que me fez experimentar a intensidade de um amor verdadeiro
E desejar minhas mãos junto as tuas por toda a vida

A você que me faz sonhar acordada
Perceber o quanto pequenos gestos dizem o que o coração deseja


A você que me presenteia com seu amor todos os dias quando me lembro seu lindo rosto
Me fez carinhosa, aberta aos bons sentimentos da vida


A você que me ensinou a ter coragem de lutar por um grande amor
E me faz guerreira toda vez que sinto esse imenso amor no coração

A você que é o grande amor da minha vida
E me trouxe para um lugar seguro....o nosso amor!

Ana Paula Almeida

segunda-feira, 28 de setembro de 2009














Se reconhece um grande amor...

Quando os olhos dizem
Mais que os lábios seriam capazes

Quando o coração ao descompasso se habitua
E as mãos gelam em pleno verão

Quando se vê uma pessoa especial pela primeira vez em uma noite de sexta-feira
E se deseja estar ao lado dela todas as sextas da vida

Quando as culturas são distintas
Mas o desejo de um amor verdadeiro é comum

Quando se quer ver mais que o possível permite
E as horas tornam-se traiçoeiras e voam como gaivotas a beira-mar

Quando se tem a sensação de ter encontrado abrigo para o coração
E a vontade de aguardar as rugas do tempo juntos

Quando uma foto diz que a espera acabou
E uma rede virtual de futilidades nos presenteia com alguém especial

Quando o dia seguinte parece ser um mês inteiro
As mãos pedem companhia e o peito, o abraço apertado

Quando se tem a sensação de espera finda
De se ter amado mesmo antes da presença

Quando os beijos alcançam o coração
O apertar de mãos traz segurança

Quando um "olá" vespertino diz muito
E o "até mais" faz sofrer feito um "adeus"

Quando se sente tanto amor que a insegurança perde espaço
E o medo dá lugar à certeza de se ter encontrado o amor tão esperado


Quando as diferenças se transformam em fonte de superação
E não perder a pessoa amada é o único objetivo

Quando o passado representa agora a ponte
Que permitiu que se chegasse até o amor da sua vida

Nesse momento, se tem a certeza do fim da espera
De que é hora de viver um grande amor!




Ana Paula Almeida
28-09-2009


quinta-feira, 27 de agosto de 2009




Libertação


Escrever é quando as palavras ditas já não conseguem mais expressar o que o coração deseja
Não tiveram resultado algum e a alma continua aflita, no desejo de ser ouvida, compreendida
Escrever é dizer à solidão que com ela já aprendi, e não a suporto mais
Escrever é derramar a lágrima que o orgulho covarde não deixa cair por medo de parecer fraqueza
Escrever é dizer a minha alma que meu coração grita que não suporta mais ficar calado, sentir e sentir, e ainda assim não ser respeitado naquilo que anseia
Escrever é desafiar a solidão, insultar a tristeza que vem dos recônditos da alma e fere, faz sofrer como se solução não houvesse, senão escrever
É fazer da solidão incomoda versos para apreciação por uma pessoa qualquer, mas que para quem escreve é desabafar, jogar fora o que de dentro grita para sair
Escrever é deixar o coração dizer o que um dia foi calado
Escrever é quando a solidão e a tristeza, irmãs inseparáveis, rasgam o peito, incomoda a alma a ponto não se suportar mais
Escrever é dizer ao mundo que não apareço para todos, mas o mundo em mim habita, e minha alma diz que estou viva
Escrever é dizer o que o resto do mundo não consegue compreender
Escrever, para mim é arrancar a dor da solidão a cada palavra escrita
Despedir-me da tristeza a cada verso
Escrever é dizer o quanto sou capaz de sentir ou não sentir, mas dizer
Escrever é deixar, por minutos, o medo, a covardia e principalmente meus fracassos
Escrever é esquecer o egoísmo e o desamor do mundo enquanto palavras de resposta são pensadas fiéis a grandeza da alma
Escrever é deixar de lado as frustrações e incompreensões do mundo a minha volta
Escrever é ouvir aquela voz distante daquela que fui a que sonhei ser e esquecida foi ao longo dos anos
É encontrar-me com aquela que gostaria de mostrar aos outros e nunca consegui
Escrever é libertar-me da tristeza
Desafiar a solidão presente desde as quadras da infância
É desatar o nó da garganta
Escrever é simplesmente me encontrar
Conhecer-me, reencontrar minha essência
Escrever é deixar a lágrima correr a cada palavra
É me lembrar que existo ao visitar os sentimentos mais puros, agora em desuso
É libertar-me dos fracassos
Abraçar o que de melhor sobrou dos restos deixados a beira do caminho
É libertação
Libertar-me da que não queria ser e fui
Chorar ou sorrir a cada verso
Ler a alma, escutar cada sussurro que dela vem
Como se fosse uma ordem
E passar para o papel cada desejo, todos os anseios esquecidos diariamente
É calar a solidão e insultar a tristeza
Me refazer a cada palavra
Sentir-me livre como pássaro
Escrever é sair de mim por instantes e ao mesmo tempo estar dentro da alma
Como filha pródiga, arrependida por insistir em não escutá-la
Escrever é para mim terapia perfeita
Faxina interior
Sair, encontrar, sorrir, chorar...
Me encontrar na mais bela forma
Com o coração aberto
Sem medo
É alegria efêmera
Necessária sempre que me sinto doente da alma
Então escrevo, e isso me basta!


Ana Paula Almeida
27-08-2009

sábado, 25 de julho de 2009


























À beira do caminho

Que saudade me deu daquela que não pude ser
Do que sonhei e logo depois de lado deixei

Saudade dos sonhos infantes
Dos dias errantes

Falta senti
Dos sonhos perdidos

Das migalhas que me permiti
Por medo de errar

Meu peito doeu
Quando ao fechar os olhos

Enxerguei meus sonhos extraviados
Desejos esquecidos

Agora postos ali
Num cantinho

Abandonados à beira do caminho
Ao lado dos passos dados na direção errada

Saudades senti
Daquela que não fui

Mas que desejei
E muito!


Ana Paula Almeida
25-07-2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009






















Depois


Preciso comprar um amor, meu senhor

É! Sim... um amor

Desses que a gente idealiza a vida toda:

Tranqüilo, sereno, fiel, leal, verdadeiro, compreensivo e o mais importante: eterno!

É sim uma encomenda

E que dure o resto da vida, não quero saber de trocas

Quero comprar o seguro desse amor

Não de ter outro se esse se for

Mas de tê-lo renovado quando estiver já desgastado

É sim meu senhor... sorte não tive em ter um de graça

Muito menos artimanha ou estratégia para conquistá-lo

Durante toda a vida, não consegui abrir meu coração

As pessoas se foram e eu sempre fiquei indiferente

Não tive tempo de observar esse “pequeno” detalhe

Imagine o senhor...

Se com tantos planos, tarefas, muito trabalho para alcançar a prosperidade e o reconhecimento

Eu teria tempo de parar para procurar um amor?

Me disseram que o dinheiro compra tudo, pois bem!

Agora o compro meu senhor

E sou exigente!

O quero perfeito

Que tolere meus defeitos

O quero assim senhor...

Exatamente assim...


Senhor?

Meu senhor?




O senhor desapareceu quando a noite se foi
E os olhos o despertou para a solidão do quarto vazio




Ana Paula Almeida
23-07-2009

terça-feira, 21 de julho de 2009

Na porta do quarto


Estou aqui
Estás aqui, aqui
Aqui em mim, estamos

Em mim, ficamos
Sonhamos, sonhamos
Você acordou

Eu fiquei aqui
Fiquei aqui, aqui
Dentro de mim, de mim

Meu coração o tem
Dentro, bem dentro
De mim, dentro de mim

Aqui, aqui
Estás aqui
Estou aqui

Na porta do quarto
A esperar você sair, sair
E me deixar, deixar-me ir

Como fostes, um breve “adeus”
E eu insisti no “até logo”
Da porta do quarto

E eu aqui a esperar o “logo”
Na porta do quarto
Com teus olhos nos meus

Volte aqui, aqui
E habite, além do meu coração
Meu quarto, adentro

Coração adentro
E não te deixo sair
A chaves deixarei ir

Trancarei o coração e o quarto
Com você aqui
Prisioneiro, enfim

As chaves, as perco
E a solidão, abandono
Venha, venha

Aqui, aqui...
Na porta do quarto
As chaves, estão na mão

Na porta do quarto

Ana Paula Almeida
21-07-2009

domingo, 19 de julho de 2009



A sedução que tem a noite

E se a luz dentro de mim
Acesa está

Meus sonhos
Acesos estão

E se a luz do dia
Acesa está

Meus medos voltam a reinar
Fantasmas que se encondem da lua


Se vão arrasados
Com o luar, o mistério noturno


E se o cheiro da noite me seduz
Meus sonhos acendem

O tempo deixo pra lá
As horas, não as tenho


Tenho agora mil sonhos
Que vagueiam pelo destino criado no quarto

Na sedução da noite de palavras solitárias
Acende meu coração

Este se apaga ao raiar do dia
E os raios trazem de volta os medos

Descansados pela noite que seduz
Afastados pelos devaneios

De minha alma boêmia
E coração noturno

Bom dia sol!
Recebo agora meus medos

Até que chegue a noite
E eu me entregue a tua sedução

Adeus palavras de solidão
As encontro com a lua

Irresistíveis madrugadas
Em que me perco

Eu, o quarto e mil sonhos dentro de mim
Doce criação!

Ana Paula Almeida
19-07-2009 – 06h25

terça-feira, 14 de julho de 2009






















A alma canta

Ele grita
Ele encanta

Não entende sua dança de versos
Não vê seus refrões de verdade


Ele grita
Ele vomita

Seus sonhos quase frustrados
E não vê a grandeza deles

Ele grita
Ele sente

Os absurdos do mundo
Se indigna, é se indigna sim!

Ele grita
Ele canta seus gritos

Um doce gritar afinado
Um sentir desenfreado

Ele grita
Ele se entrega

Decepciona-se com o que não alcança
Os pobres de alma e incompetentes de coração

Ele grita
Ele encanta

E canta sua alma que se mostra
Sem perceber acrescenta



Ana Paula Almeida (ao meu grande amigo Michel)
14/07/2009

domingo, 14 de junho de 2009
















Precisava dizer...

Que dos sonhos que sonhei
O meu pesadelo foi sua covardia

E declarar...

Que das lágrimas que escorreram da minha face
As tuas foram as mais amargas
E das decepções que tive você foi a maior

Tenho que confessar....

Que dos males
O melhor foi tua partida

Resta agradecer...

A tua ausência de alívio
O não- convívio com teu mau-caratismo

Devo dizer...

Que o que vale hoje
É saber que me vacinei contra você

E agradecer...

A oportunidade de conhecer gente melhor
Maior que seu umbigo
E com o coração que não tens!

Ana Paula Almeida
14/06/2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009


















Eu não sabia

Quando era criança, não tinha a mínima noção desse vai e vem da vida
Desse nascer, crescer, partir
Desse “jaz” dos entes queridos, dos amigos do coração
Desse “não me diz respeito” dos omissos e covardes
Desse “não me envolvo” dos medrosos e incapazes de se apaixonar perdidamente

Quando ainda uma menina eu era, nem imaginava
Que como a roda gigante do parque de diversões, minha vida passaria por meus olhos da mesma forma que o mundo ao redor do imenso brinquedo
Que como o tempo dava gosto ao charque sobre o fogão a lenha, ele daria conta de fechar as feridas do meu coração

Quando descalça eu corria pelas ruas da pequena cidade
Eu nem imaginava que não mais brincaria com as estrelas, e me esqueceria de olhar o céu como fazia nas noites frias da longínqua fazenda
Não imaginava que diria e ouviria palavras cortantes como o canivete que cortava a goiaba do quintal do velho rancho de palha
Nem que temeria as atitudes humanas como temia ver o lendário lobo – guará, de passeios noturnos, grande e forte como minha imaginação

Quando ainda criança eu era
Não imaginava que me perderia entre palavras e sentimentos difusos, nas dispensáveis complicações dos adultos que não sonham mais
Que o espelho não refletiria mais aquela menina sonhadora, de olhos brilhantes
Não sorriria das minhas tolices
Não tomaria banho de chuva
Não mais esperaria o príncipe encantado quando o sol se escondia

Ana Paula Almeida
19-05-2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009



















Versos de liberdade


Se soubesse poetar....

Escreveria libérrima
Trataria logo de fugir


Carregaria comigo
O jogo livre das palavras que libertam

Brincaria com os vocábulos
Faria metáfora a cada olhar


Se soubesse poetar...

Leria pensamentos
Estudaria sentimentos

Para depois brincar
Ironizar com as palavras


Se soubesse poetar...

Me daria a alforria
Dos dias monótonos

Me libertaria da mediocridade
Dos meus egoísmos e narcisismos

Se soubesse poetar...

Daria um chute na solidão
Chamaria de tola a tristeza

Se soubesse poetar...

Tomaria só para mim
Entorpecidos de paixão

Os amores que desejei
E os que me rejeitaram

Se soubesse poetar....

Seria a princesa dos contos
Rainha do meu carnaval


Ana Paula Almeida
16-05-2009



















Companhia

O instante noturno
É parte de mim

E parte de mim
O noturno instante

E as palavras de solidão
São parte de mim

E parte sempre de mim
A solidão que tem as palavras noturnas

E se sou verso
Logo, sou solidão

Se sozinha estou na confraria de amigos
Talvez porque sozinha sempre estive desde menina

A solidão,
Descobri:

É parte de mim
E parte de mim

Ana Paula Almeida
16-05-2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009














Aprumar

Levante menina,
Acorde, vá!

Levante e vá ver o sol
Perceber sorrisos

Levante garota!
Saia de si

Abandone a melancolia
Chute a depressão para longe

Ande, acorde, cante
Se ele não está na sua

Esteja na rua
Garota de Ipanema

Notada com seu brilho
Encantadora em suas virtudes

Sonhe garota!
E se outra ele tem

Deixe a liberdade entrar por sua porta
Permita-se a alegria de se conhecer

Venha menina!
Tire do rosto o semblante de fracasso

Espere o acaso...
Ele sempre presenteia

Liberte-se!
Liberte-me!



Ana Paula Almeida
11-05-2009

sábado, 9 de maio de 2009




Sem resposta



E se de mim brotam versos
Sem formato, palavras rebuscadas, metáforas
E alheios aos gêneros poéticos
E moldes das poesias dos grandes
Explicar o motivo, não sei!

O que posso dizer é que
A solidão se faz presente sempre
Impiedosa e inconveniente
Fica ali à espreita, recôndita
Como cobra que prepara o bote
Traiçoeira solidão


E se minhas palavras, provenientes do desabafo incontrolável e latente
Prosa ou poesia poderiam ser, realmente não sei!
Sei sim da necessidade de externar o que corrói me por dentro
Inquieta a alma e me faz sentir alívio, dor, amor, alegria...
Um turbilhão de sentimentos difusos,
Que me deixam perdida, vendida

E se ao som de Bach sentimentos
Desconhecidos se apresentam insistentes
Me pergunto em que momento dos poucos anos vividos
Permiti que me acompanhasse a melancolia incessante ?

Se palavras que não aprendi na escola saem dos meus dedos
O gosto pela poesia e o hábito de isolar-me presentes estão,
Não tenho a competência de entender e explicar
Como ou porque de mim saem versos!
Ora de mel, ora de fel

Se nas quadras da infância, não fui apresentada a poesia
Nos tempos da adversidade, contato não tive com a literatura
E muito menos me foi explicado que algumas almas, desse mal delicioso sofrem
Como poderia eu, explicar o porque de mim saem versos,
Naturais como a gostas de suor na face?

Como explicar a necessidade de poetizar,
Escrever versos advindos do eu desconhecido e solitário,
Sem estilo, moldes e repertório poético?

Me inquieta a não-resposta de tais questões
O gosto pelo que não me foi ensinado
Escrevo, não sei por quê
Enxergo poesia na vida e por isso,
Sinto gozo, tristeza

Mas o que me inquieta mesmo,
É esse sentir,
Sem porque, sem pedir
É sentir a poesia da vida,
Solitária e incompreendida
Entre quatro paredes,
Como se a esse mundo ácido eu não pertencesse!


Ana Paula Almeida
09-05-2009















Últimos desejos


E se de tudo que poderia ser
Pudesse escolher miúdos e simplórios presentes

Escolheria sorrisos de alma
E beijos de carne

Sorriria libérrima para os de alma podre
Beijaria a vida que não posso ter como se a tivesse

E se ainda me fosse oferecido, mesmo que por misericórdia
Um último presente

Escolheria sentir o frio na barriga frente ao amor impossível
Sentir, mesmo que por segundos, o gosto da paixão que liberta a alma!

Ana Paula Almeida

09-05-2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009













Paixão de um dia

Oi...
Ele dizia enquanto ela queria dizer
Como era bom tê-lo ali

Oi...
Ele disse após permanecer nela
E deixar seu cheiro indescritível

Oi...
Ele falou sem mais a dizer
Enquanto ela sem fala o fitava

E o homem-criança de alma nobre
Se foi e lá ficou seu cheiro de criança grande

Efêmero como cheiro de terra molhada
Ele foi sem mais dizer

Inefável!



Ana Paula Almeida
07-05-2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009




Acaso

Inimaginável na noite entediante
Conhecer aquele olhar

Olhos de quem procura
De quem espera

Noite quente
Infinita solidão


Teus olhos no livros
Os meus nas tuas mãos

Teu cheiro de menino
Meus braços de algodão

Teus olhos perdidos
Os meus de solidão

Perfeita combinação
Os livros esperaram

Entre palavras, gestos e gostos:
Descobrimo-nos

Ainda não dois assim
Ainda não tanto em comum

Coincidência as iniciais dos nomes
O lugar, propósitos e gostos

A companhia dos livros
A solidão do conhecimento

O acaso me trouxe
Teus olhos de busca

Tua presença
Levou a solidão incômoda

Se o amanhã não o contemplar
Permanecem na memória
As mãos do menino de olhar perdido
Que o acaso me deu de presente




Ana Paula Almeida


terça-feira, 14 de abril de 2009





















Meus poucos anos

Naquele dia
Despretensioso

Meu rosto
Naquela casa
Meus poucos anos

Teus lábios
Chamavam
Meus olhos pequenos

Parados em ti
Minha timidez
Poucas palavras

Teu sorriso
Chamava por mim
Meus poucos anos

Naquele dia
Despretensioso
Começou o futuro

Palavras singelas
Mãos sem lugar
Meus poucos anos

Naquela noite
Aquela casa


O teu sorriso largo
Chamava meu coração
Meus poucos anos

Muitos anos depois
Minhas mãos estão lá
Sem lugar

Meus olhos no teu sorriso
Nos teus lindos lábios
Meus poucos anos

Ana Paula Almeida

terça-feira, 7 de abril de 2009



















Olhos infantes

Os olhos da menina
Divagante no velho sítio

Seu mundo limitado
Ao redor animais

Vê na flor a beleza da vida
E no horizonte a possibilidade de sair dali

Os olhos da menina
Um brilho diferente

Olhos infantes
Distantes como a montanha a sua frente

Não sonha com um príncipe
Sonha seus sonhos secretos

Desejos que não entende
Gostos que os outros desconhecem

Ela gosta de música instrumental
Que alcança sua alma

Dorme ao som de Chopin
E quem é Chopin?


No distante rancho de palha
Aprecia a incipiente literatura da escola

Gosta de Cecília Meireles,
Ouve Chico Buarque no rádio

Dizem: Estranha menina!
Ninguém a apresentou a esse mundo....

Mas sabe que além da montanha
O mundo é infinito

E em seu infinito particular
Inalcançável pelos mortais da pequena comunidade

A pequena menina de olhos distantes
Sente que é um tanto bem maior


Ana Paula Almeida
07-04-2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Presentes

E dos amores que se vão...
Em mim fica um pouco
Do cheiro
Expressões
Sorrisos
Brincadeiras

E dos amores que se vão...
Em mim fica um pouco do que serei
Da sabedoria
Do não levar a “ferro e fogo”
Sorrir mais
E o aprendizado


Dos amores que se vão...
Fica a saudade
Um ser acrescido
Do que de mais belo pude perceber

Dos amores que se vão...
Fica um pouco de mim
Um pouco deles
Uma junção

Do que sempre fui
E do que posso ser ...

Um ser um tanto bem melhor



Ana Paula Almeida












Alma livre


E quando da indisciplina nasce o que de mais real eu poderia criar
Estou em crise, não consigo recriar
Escrever o que me foi imposto
Rebeldia que vem de dentro
Da que deixo escondida para agradar

Mas do não criar o que “devo”
Minha angústia me presenteia
Saem de mim palavras de conhecimento

Me conheço, reconheço
Reage o eu escondido
Tímido por incompreensões

E se não entendem o que escrevo
Porque escrevo,
Deixe como está...


Minha alma se alimenta
Momentos de liberdade
De mim sai verdade

Palavras livres
Independentes da compreensão alheia
Versos que me alimentam

Deliciosa sensação
De dar voz a alma
Descrever o que dela sai...




Ana Paula Almeida
07-04-2009

sábado, 28 de março de 2009

O senhor da razão

E aquele amor que se foi
Perdeu-se no tempo

Desgastou-nos
Palavras, ofensas

Mágoas se firmaram
Bocas se calaram

Rostos pesados
Parecia não ter mais jeito

Seria nunca mais
Não voltaria mais

Até que o tempo
Majestoso senhor

Nos mostrou
Que tudo não passou

De simples lição
Que a vida também diz “não”

E o tempo...
Majestoso senhor...

Sempre diz sim
Principalmente ao “nunca mais”


Ana Paula Almeida

quarta-feira, 25 de março de 2009













Lúdico
E aquele menino de pouca idade
E anos diminutos de experiência
Estava lá discutindo o improvável
Firme nas atitudes
Lição a mim, preconceituosa
Rainha dos pré-conceitos

Mostrou-me centrado, adulto
A esperança de seus poucos anos
Um olhar encantador,
Que foi capaz de me prender
E se não me prendo a ele
É porque meus anos a frente
Minha idade um pouco além
Me deixa cheia de medo
Como os que crescem com os receios

E nessa brincadeira, criança sou eu
Com medo de um simples quarto escuro
Que esconde uma roda gigante
Capaz de me fazer voltar a infância
Sorrir aquele sorriso que me lembro ter dado

Deliciosa sensação...
Brinco de longe
Com suas palavras adultas
E seu olhar difuso

Brinco de voltar no tempo
De fábulas
Ele lobo
Eu chapeuzinho vermelho

Deliciosa brincadeira....

Ana Paula Almeida
25/03/2009

sexta-feira, 13 de março de 2009




Busca



Pensei demoradamente sobre mim
Deixei para escrever não o que sinto
Mas o que sou
Se sou, se não sou
Qualquer coisa assim


Como um enigma, um mistério a desvendar
Mistério meu mesmo
Bem, comecei a pensar em mim
Desde as quadras da infância de sonhos belos
Da adolescência de planos e ansiedades mil

Tentei me reconhecer adulta,enfim
Não foi fácil, porque talvez tenha me perdido
Junto aos sonhos que ficaram pelo caminho
Jogados ao chão a cada escolha
A cada esquina do destino

Ainda tento me achar
Devo me apresentar adulta aos meus sonhos
Que continuam como os de outrora
Me enxergo adulta,é claro
Mas não me sinto assim
Meu coração insiste na crença do amor verdadeiro
Na sutileza das palavras
E na gentileza das ações


Eis a minha questão:
Não me descubro pois minha alma não é daqui
Como me reconhecer se não encontro espelhos?
Minhas ações sim cabem nessa realidade
Já que de sofrer consegui reagir ao mundo


Mas minha alma....
Essa não é daqui!


Ana Paula Almeida14/03/2009

quinta-feira, 5 de março de 2009


















Desconstrução

E quando a vontade que tenho de ser diferente, de fazer diferente, não me deixa enxergar que já me vêem diferente

E quando quero enxergar gentileza no mundo, não enxergo os mais gentis e simples gestos do pequeno mundo ao meu redor

E quando desejo um pouco mais de solidariedade nas ações das pessoas, não sou solidária o suficiente para explicar a quem deseja me ouvir, o que realmente espero do mundo

E quando penso que estou no caminho certo, não paro para ouvir as orientações de quem já viveu o que vivo e enxerga o mundo de um outro ângulo

E quando tento fazer algo e não consigo da forma como planejei, não consigo enxergar a forma mais fácil e prática de realizar o que desejava

E quando penso que agrado com soluções práticas e dinâmicas, não paro para ouvir e entender que agradaria realmente se parasse, ouvisse e me calasse

E quando me armo com argumentos, explicações, cálculos, teorias e me esqueço de que uma pitada de bom humor regada a uma boa risada abre portas para oportunidades impensáveis, não me lembrando que o lúdico é o melhor caminho para evitar as rugas

E quando planejo minha vida dez anos adiante e me esqueço de planejar à tarde que está por vir, tarde esta que poderá definir como estarei amanhã e depois e depois, até chegar à década desejada vivendo cada dia como se fosse o último.

Alguns hábitos, pensamentos e comportamentos que construímos ao longo dos anos, e que nos deixam cegos para o melhor da vida, o mais simples (enxergar além do que estamos acostumados) precisam ser DESCONSTRUÍDOS, com a mesma rapidez que construímos o que não nos faz bem.



Ana Paula Almeida06/03/2009

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Vontade

Tenho sede do amor que não tive
Sede dos sonhos que me acompanham
Do meu instinto de aventura...
Viajar, arriscar,ousar

Sede de sair do óbvio, do esperado.
Do amor que arrebata, da paixão que enlouquece
Sede de ser outra, em outro país, outra realidade

Tenho sede de mim como sonhei na infância
Uma outra, capaz, ousada, insensata até....
Mas diferente de mim!



Ana Paula Almeida
28/02/2009

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009












Quase

Talvez o futuro me presenteie
Talvez eu seja feliz
Talvez eu sorria sempre

Talvez eu ame sem medo
Talvez eu acredite nele
Talvez eu me case

Talvez eu sonhe em ser bailarina
Talvez eu brinque como na infância
Talvez eu escreva um livro

Talvez eu me entusiasme com uma canção
Talvez me dê calafrios ao vê-lo
Talvez eu suba numa árvore

Talvez eu volte a ser criança
Talvez eu seja profissional
Talvez eu mande tudo pro ar

Talvez eu me apaixone por ele
Talvez eu me apaixone por mim
Talvez eu me apaixone pela vida

...e talvez eu deixe os medos e seja feliz!


Ana Paula Almeida
04/02/2009

Ausência

E sabes tu o que quero?
Do que gosto?
Se comigo nunca estás

Em crise estou amor
Crise de mim
Crise de nós

Quero sonhar contigo perto
Ao teu cheiro
Tua voz

De nada me vale compromisso distante
Ter o seu nome lembrado
Quando me indagam


E sabes tu do que preciso?
De minha carência latente?
Tua ausência sofrida

Se teus sonhos são maiores que meu sorriso
Que minha mão a acariciar teu rosto
Então não sonhes comigo

Sonho só!
Sonho a tua ausência
Sonho tua partida


Ana Paula Almeida

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