quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Poetar maravilhas


Quem me dera a poesia me tomar externamente
Me compor por dentro e por fora
Me abandonariam as angústias do ofício que não me preenche
O vazio das incompreensões que me afligem

Quem me dera nadar em versos
Ondas de palavras
Vestir metáforas
Experimentar a perfeição textual

Lançar livros de vida
Pílulas poéticas receitar
E me lançar sem me preocupar
Com as contas a pagar
A falta de opção para votar

Quem me dera não acordar
Me eternizar no mundo do ser e não estar
Com Cecília suspirar
Espanca[r] a mediocridade com a ousadia de Florbela

Quintanar
Lagoar
Drummondar

Quem me dera desse sonho viver
E me perder no labirinto poético
Alice a poetar
No país das estrofes

Ri[mar]
[Ar]riscar

Poetar, poetar
Quem me dera não acordar


Ana Paula Almeida

quarta-feira, 26 de maio de 2010



Ficam os sonhos


Em dias assim me faço estranha
Mente que pensa e não acompanha a alma
Dias de sonhos em preto e branco
De lógicas sem sabor
Atitudes sem paixão

São dias em que estou
Dias de não ser
De morrer por dentro
Para renascer chama miúda
Tímida e desobediente

A esperança que nunca me deixou
Carrega o peso da solidão
Alimenta a alma de mil sonhos
Todos deliciosamente impossíveis
Improváveis se ditos a alguém

Sonhos meus
Me acompanham desde a pequenice
Saíram dos contos de fada
Foram se transformando
Deformando a cada ano
Mas, continuam sonhos

Podem me tirar tudo:
Os prazeres tarifados
O vestido predileto
A beleza
A pele juvenil

Mas os meus sonhos,
Ah, esses ninguém toca
Os carrego aqui no peito
Atrás das cortinas da alma

Me levem tudo,
Mas me deixem sonhar
Não aprendi viver de outra forma
É o meu alimento

Ana Paula Almeida

quarta-feira, 19 de maio de 2010




Poesia cênica

Gestos miúdos

Palavras caídas

Versos deserdados

Um sentir roubado

Arrancado do óbvio

Contrário ás pequenices

Gozo silencioso

Segredo partilhado

Ser, essência

Estar ignorado

Sou ser

Ser só

Ser e só

Isso basta!


Danço em versos
Encontro o inverso
Mergulho in verso
Resisto reverso

segunda-feira, 17 de maio de 2010




Poesia Cênica


Tarde de sol

Encontro de almas

Oito de maio

Mês do ser terreno maior

Ás quatro e alguma coisa


Naquela tarde,

Festa de seres

Rito teatral

Irmãos de alma

Palco de cada ser


Essência compreendida

Gestos em sintonia

Sincronicidade espiritual

Um não entender de mãos que buscam

Vão de encontro ao ser


Individual e compartilhado

Sintonia fina

Sensibilidade em cena

Desfile de invisibilidades

Abstrato inteligível


Nossas almas deram as mãos

Os corações dançaram

Ciranda de palavras mudas

Comunicação ímpar

Gestos singulares


A alma chorou

O ser sorriu

Minha essência era verde(cor predileta)

Dancei o ballet perfeito

Cantarolei o achado em mim


Risos,lágimas

Eis-a aqui

Catarse!

Minha,toda minha...Ah!





Ana Paula Almeida

domingo, 25 de abril de 2010



Mar de dentro


Palavras miúdas
Intimidade ociosa
Conhecedora de nadezas
[nada sei,só quero ser,só o ser]

Assim me encontro
[Inverso, in verso, em versos]
Quando o baile termina
A fantasia me cansa

Caio em mim
Queda livre
Despenco sem jeito

O cardíaco acelera
Já havia a espera
Desse momento sublime


Me encontro em mim
Ah, deliciosamente me acompanho
Inteira, intensa, verdadeira


A madrugada cessa
O sol me apressa
E quase não retorno

Um dia não volto
Permaneço, enlouqueço
Bem dentro de mim


Será assim, partida sem volta
Mergulho dentro, sem resgate
Nadando no meu ser
[mar de dentro]

Não voltarei, vocês vão ver!


Ana Paula Almeida



De lado


Um coração ali no canto
Pronto para o depois

O depois dos compromissos
Do objeto adquirido e pago

Depois do que há de mais racional
Após as fases críticas

O coração ali,
Quieto num canto qualquer

Ele espera!
Ah, ele espera sim

Não é hora para amar
Se envolver

Deixa isso pra lá
Aguardando tempo confortável

Passe mais tarde,
Sentimento inconveniente, intruso

Ora, essa não é a hora!
Sem envolvimentos afetivos

Anos, dias, horas
O coração virou decoração daquele canto

E ali, bem do lado
O remédio estacionado

Necessidade da idade avançada
Remédio que não tira a dor do peito

O ancião ficou irado
Arrependimento, depressão...

O médico falou em coração
Logo esse?

Poupado, colocado num cantinho
Durante todo o seu caminho



Ana Paula Almeida
Ser

Ah, se jogue!
Vá lá
Sinta corações


Moço infeliz
E o que diz?
Medo, reservas?


Moço, moço
Se permita
Sinta


Ame
Odeie
Grite!


Esteja aí nesse peito
Habite-o com teu melhor
O mais intenso de ti


Moço, moço
As coisas, crises,amores
Se vão,se vão

Grite, meu rapaz!
Diga a que veio
Tens um coração

Permita-se
Ame-se
Sinta,sinta,sinta


Não permaneça assim:
Sem ti



Ana Paula Almeida

terça-feira, 13 de abril de 2010





Por um triz

Ele quase começou
Quase falou
Quase se permitiu
Por pouco não sentiu

Depois, quase se jogou
Quase se declarou
Quase se apegou
Quase amou

Ela,obediente como sempre
Quase ficou
Permaneceria não fosse o desejo de ser amada
Após os quases,completamente

E ele por um triz
Não foi feliz


Ana Paula Almeida




















Outros olhares

Eu inteira
Ele pedaço

Eu já
Ele quase

Ele espera
Eu me acho

Eu me jogo
Ele calcula

Ele analisa
Eu anseio

Eu passo
Ele não sente


Ele reservas
Eu incêndio

Me jogo
Ele reflete

E enquanto permaneces no quase
Eu sem ti

**********


Eu na tua
Tu em outra

Eu na lua
Tu me vês nua


Eu coração
Tu indecisão

Eu parto
Tu não vês

**********


Dispo anseios
Desejos de amor terno
Jogo palavras sentidas
Sentimentos de vida
Ele vê
Minhas curvas
A roupa caída
As pego no chão
E parto com minha solidão
Sentir não é com esse João!

***************

Hoje sonhei tão alto
Que levitei ao acordar
Do partido alto ao altar
Decidi então me aprumar
Vai que eu goste de lá



***************

Incompreendida sempre fui
Da família aos amores
E isso é morno
Bom mesmo foi quando fui persona non grata
E pensei: isso ainda me mata

*******************

A minissaia
Dispensou palavras gentis
Deixou de lado as discussões filosóficas
Idéias e ideais prolixos
Foi quando ele quis
Que ela fosse atriz
E esquecesse o texto
O resto foi contexto

******************


Eu não sou nada disso que está pensando
Mas não me interessa te provar o contrário
Pois me vês
Exatamente como eu gostaria de ser
Prefiro a ilusão do meu avesso


***********************


Seus dedos vieram me dizer
Que não lhe interessa sentir
Tatear é o seu prazer
E eu, propositadamente
Finjo que não entendi
Inconsequente, me entrego a ti


*******************

Já entendi
Sem amores e afins
Mente sem conexão ao coração
Interessa o lugar da mão
Se amores ficam ou vão
É uma outra questão


********************

Coração escondido
Mascarado, amuado
Prazer revelado
Medo escancarado
O desse moço tarado



******************

Fico aqui,
Espectadora das tuas reticências
Até que eu perca a paciência
O faça pagar penitência
Sarar dessa doença
Ou, simplesmente
Partir sem clemência





Ana Paula Almeida

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Palavras souvenirs

Carrego no bolso algumas frustrações
E na alma, a vontade de partir
O peito é hotel de emoções indisciplinadas
Posso ainda errar, mas posso também voar


Tentar tocar um coração com reservas
Mas também conhecer mais o meu, destemido e incorrigível
Amar quem não me ama,
Mas também ensinar o caminho da permissão
Posso até não ser o que desejei

Mas posso, ainda ser a que me satisfaz intimamente,
Bem lá no fundo, naquela parte de mim que só eu visito
Com entrada vip, conhecedora daquela que não fui, mas que desejei
Mesmo diante do improvável sensato,
Da impossibilidade real



Ainda não conseguindo ser o que esperaram de mim,
Tenho aqui, guardados como souvenirs segredos singulares
O que afaga a alma, dá o brilho efêmero e indizível aos olhos
Desta sonhadora que sempre fui e serei



Tenho em mim a solidão companheira desde as quadras da infância
Que me faz repousar em versos tristes e libertadores
Uso de palavras afrodisíacas para o meu prazer mais solitário
Ainda aqui, bem dentro de mim



Trago comigo o silêncio necessário a sapiência que tanto almejo
Solidão que nenhum namoro ou casamento poderão levar
Se ainda não me alcancei, não sei
Sei que permaneço Fernando Pessoa,
Tendo em mim todos os sonhos do mundo




Ana Paula Almeida






Permaneço


Não, dessa vez não fugirei
Fico e provo seu veneno
Permaneço em ti

Agora sem a tentativa de ser incrivelmente moderna
Ou antiguíssima caçadora de emoções
Dou lugar agora ao silêncio, ele fala!

E se teu silêncio me disser “pode entrar”
Ou ainda, “não é a hora”
Espero sim a resposta

Não, não saio de cena sem atuar
Se romance, comédia ou drama
Só saberei no fim do espetáculo

Faço-me platéia!

Ana Paula Almeida

domingo, 28 de março de 2010




Tempo

Que tempo é este o teu, meu senhor?
O tempo te deixou tolerante, eu sei

Mas do meu tempo não tens a medida

De ti eu já nem sei
Conhecia sim a ternura antiga

Que por ti fantasiei, criei
Criança de ti ainda, inocente do teu ser

Ser homem sonhado
Ter os anos ao teu lado

Em que tempo, meu senhor
Alcanço tua alma fugidia?

Diga-me senhor,
Que minutos contam teu coração?

Senhor de imagem
A dor que se sente não sai no jornal

E depois de transar palavras
Fecundar olhares

Responda-me senhor,
Como sair do teu tempo

O sentido ficou anti-horário
Ponteiros indisciplinados aceleram o sentir

E meu senhor,
A hora de partir eu já vi

Se difícil é partir
Doído é te seguir nesse tempo

Tuas horas não são as minhas
Tens coração disciplinado, alma obediente

E eu, meu senhor
Quase não entendo essa calma de vossa alma

Não a consigo em mim
Coração desorganizado

São tempos diferentes, meu senhor
Ponteiros desencontrados

Meu tempo de seguir
Esbarra no teu de parar

Hoje vou querer contar as horas
Da tua distância, das tuas reservas e receios

Conto os minutos, decido o tempo
Digo-lhe então:

É tempo de se permitir, meu senhor!
Ou já não mais encontrarás esse tempo...


Ana Paula Almeida

terça-feira, 16 de março de 2010




De longe

Me deixe te dizer que prefiro calar
Eu, pessoa de palavras não as quero agora

O cheiro da partida me deixa tonta
O medo do olhar que parte me faz covarde

Fico aqui com teu cheiro
A sorrir os sorrisos de outrora

Permaneço aqui, sentinela
Fico com a que fui ao teu lado

E o fim explicado, justificado para que serve?
Fico ainda com o melhor que fomos na insensatez

Não quero teu rosto de despedida
Palavras comedidas,estudadas

Nada do que se vai isso teve
Teve sim, a ousadia do "não-pensar"

Fico aqui, de longe a acenar
Se for a ti, fico Jacques Brel suplicando "ne me quite pas"


Prefiro o sorriso do último encontro
A ternura de mãos a acariciar


Fico com a sensação de "lugar-comum" de seus braços
Tuas mãos e esculpir meu corpo


Escollho lembrar-me do "até mais"
A te dizer "adeus" sem lugar para as mãos


Despeço-me em ti,
Fugindo do desejo desobediente

Despeço-me consciente
Dos dias, horas deliciosas ao lado teu

Deixo-te em meus versos o meu "adeus"
E com ele, a satisfação da alma leve nos dias em ti


Parto com a leveza que tua companhia me deu
Com o sorriso que o recebi

É difícil dizer adeus com vontade de ficar
Mas agora volto ao meu lugar

Com a certeza de que "foi lindo!"


Branca

segunda-feira, 15 de março de 2010


Partida

Se te dei meus sonhos cor-de-rosa
Se construí meus castelos sobre teu peito
Se me perdi em teus lindos olhos
Se minhas pernas ainda estão entre as tuas
Me diz agora com que pernas posso partir?


Se nas noites a ti me entreguei
Se meu corpo clama tuas mãos
E se as minhas só desejam tua pele
Agora me conta como hei de partir?


Se ao te conhecer tua fui
Se ficou para trás a solidão
E contigo fui amor, amada, amante...
Agora me conta como hei de partir?


Fiz tantos planos,rompi com meus peconceitos
Se para ti escancarei meu peito
Como, se nos amamos da forma mais bonita
Me diz agora como posso partir?

Se dei meu coração para tomares conta
Se já perdemos a noção da hora
Se juntos ouvimos Chico,fomos cúmplices
Agora conta como hei de partir?

Se fiz do meu caminho o teu
Diz por onde devo seguir
Se meus pés ainda estão no teu chão
Me diz pra onde é que ainda posso ir?


Se jogaste nossa história num livro de memórias
Diz-me agora onde me encontrar
Como ir se ainda não tenho a mim
Rompi com mundo, joguei fora o que tive outrora
Me diz pra onde ainda posso ir....


(baseado na música EU TE AMO Tom Jobim/Chico Buarque)
Ana Paula Almeida

Ana Paula Almeida
16/05/2009



Lembretes

É preciso não esquecer nada:
nem os sorrisos, nem os olhos brilhantes
nem a palavra, nem o silêncio exato

É preciso não esquecer os sentimentos
Chorar e sorrir se preciso for
Mas nunca esquecer o amor


É preciso esquecer as palavras doloridas
Os erros inevitáveis
E o orgulho insistente


É preciso não esquecer de ver a nova pessoa
Que nasce depois do erro reconhecido
Reconhecer os belos momentos vividos


O que é preciso é esquecer
O dia carregado de atos
Observar o céu de sempre como novo
E não esquecer nosso rosto


O que é preciso mesmo é viver cada dia
Como uma nova chance
Recomeçar sempre com amor renovado


O que é preciso é ser como se já não fôssemos
Amar incondicionalmente
Pois o resto... o resto não nos pertence


Ana Paula Almeida

Ana Paula Almeida



Versos de liberdade

Se soubesse poetar....


Escreveria libérrima
Trataria logo de fugir


Carregaria comigo
O jogo livre das palavras que libertam

Brincaria com os vocábulos
Faria metáfora a cada olhar


Se soubesse poetar...

Leria pensamentos
Estudaria sentimentos

Para depois brincar
Ironizar com as palavras


Se soubesse poetar...

Me daria a alforria
Dos dias monótonos

Me libertaria da mediocridade
Dos meus egoísmos e narcisismos

Se soubesse poetar...

Daria um chute na solidão
Chamaria de tola a tristeza

Se soubesse poetar...

Tomaria só para mim
Entorpecidos de paixão

Os amores que desejei
E os que me rejeitaram

Se soubesse poetar....

Seria a princesa dos contos
Rainha do meu carnaval


Ana Paula Almeida
16-05-2009

Ana Paula Almeida
16/05/2009


Últimos desejos

E se de tudo que poderia ser
Pudesse escolher miúdos e simplórios presentes

Escolheria sorrisos de alma
E beijos de carne

Sorriria libérrima para os de alma podre
Beijaria a vida que não posso ter como se a tivesse

E se ainda me fosse oferecido, mesmo que por misericórdia
Um último presente

Escolheria sentir o frio na barriga frente ao amor impossível
Sentir, mesmo que por segundos, o gosto da paixão que liberta a alma!



Ana Paula Almeida

09-05-2009

quinta-feira, 11 de março de 2010





O que me cabe

Tenho buscado a mão que toca
A música que canta
O sentimento que sente
O amor que arrebata
Desejo que arde
Colo que acolhe

Tenho buscado o calor de Cuiabá
O frio do inverno europeu
O sorriso preso no canto da boca
O fitar os olhos dentro
Colo que doa sem pedido
Lágrima que leva embora a aflição
Poesia que redime


Tenho buscado sentir para depois dizer
Dizer o que a alma grita
Gritar o que me agita
Desafiar o que me acovarda
Atenção que conforta a dor

Tenho tentado deixar os outros
Agradar-me com o carinho que desejo
Dar-me mais beijos
Afagar a alma carente


Tenho procurado o “interno”
O que sai de dentro
O “ser” antes do “estar”
O que o dinheiro é incapaz de alcançar
Como quero estar em vez de onde quero chegar

Tenho buscado o silêncio que diz
O olhar comunicativo
O outro incompleto e companheiro
A leveza do amor que abriga
Cumplicidade exercida

O amor que fica quando o resto se foi
A falta de palavras diante do olhar sincero
A sinceridade dos desafetos
A afetividade dos sinceros


Quero ainda a lealdade difícil
O corte doído das palavras sinceras
Os “nãos” necessários ao crescimento
O sim de coração aberto
O encostar no travesseiro de consciência alva

Quero muito?
Não!É o que minha alma comporta!


Ana Paula Almeida

terça-feira, 9 de março de 2010





















Proposta

Quero te pedir licença para hoje, me ausentar de nós
Talvez você não entenda, mas preciso, é preciso!

Ver-nos de longe, ainda que breve
Observar-nos de ângulo novo

Ver-me em ti
Vê-lo em mim

Perceber o que sentirá esse confuso coração
Com tua ausência forçada, premeditada por mim

Ver tua lacuna ferir
Aferindo comportamentos, inquietações

Medir você longuínguo
Analisar o que de dentro sai

Tê-lo, por hora
Em discretos versos


Me calo, distancio
A alma não, continua aflita

Ventilo rápido a tua ausência
Busco a leveza incessante


Branca




Difícil agradar as mulheres?

Resolvi sair da rotina dos românticos versos (nem sempre tão românticos, por vezes ácidos) para falar aos homens.
Ao sair de casa, bem cedo, coloquei um vestido florido bem longo, é dia da mulher!
E se alguns ou algumas não dão importância a isso, respeitemos. Queria sim estar mais feminina hoje, isso de ser mulher é algo especial, acreditem as que reclamam das desvantagens do chamado “sexo frágil”.
Durante o dia, resolvi observar o olhar masculino, direcionado a mim e as demais mulheres que me deparei hoje (que são muitas, se tratando da cidade em que resido e do fato de andar de ônibus). Usava decote, lábios pintados, nuca á mostra. Observei-me, observei-os, observei-as.
Intrigantes atitudes femininas e masculinas, ora homens femininos (digo nas reações, olhos perceptivos ao extremo), ora mulheres masculinas (de sensibilidade secundária, centradas,olhar no horizonte).Mas o que me fez tecer breve comentário, foi a reflexão a partir da observação de hoje junto as indagações de alguns homens acerca do universo feminino.
Venho, há alguns anos, observando o quanto os homens andam perdidos com relação á mulher “moderna” (digo dos tempos atuais, não quero aqui, conceituar o moderno ou pós-moderno, sendo isso de uma complexidade discursiva não interessante nesse momento). São amigos, conhecidos,desconhecidos(por eles mesmos, na maioria das vezes) que não sabem como agradar, conquistar uma mulher - ou mais de uma, no caso de alguns "indisciplinados"- digamos asim).Perderam a receita, desconhecem o roteiro ou coisa assim.Enfim, desconhecedores da “arte” de agradar uma mulher.
Não deixo de considerar algumas mudanças naturais, dessas com relação aos anos que correm (depressa demais até). E é claro, algumas coisas mudaram, a chamada “corte” se foi, algumas censuras aniquiladas com o tempo, proibições esquecidas. Agora, os sentimentos não, minha gente! Homens, meus amigos e afins, as mulheres continuam com um coração dentro do peito, e mais, a sensibilidade continua ali, aguçada. Pareço ridícula? Pois bem, faço-me entender, ou pelo menos, tentarei. Um sujeito se endividar para adquirir uma jóia caríssima para a amada, – não nego que agrada- ás vezes sem condições financeiras, ou ainda, sem qualquer paciência para a escolha da jóia que, acredita ele, posa agradá-la. Ou ainda, o indivíduo, dotado de boas intenções (o problema não é se são boas ou más, é como, de que forma,ou ainda, com que intensidade ele coloca em prática a vontade – em alguns casos, necessidade encarada como obrigação- de presentear e claro,agradar, o indivíduo se perde na escolha de um presente, dessa ou daquela marca, desse ou daquele valor(moeda mesmo) que faça a amada mulher se sentir importante, lisonjeada,valorizada.
Pois bem, dado o presente, o homem observa (costuma ser assim) a reação feminina, espera uma espécie de “feedback”(não me agrada esse termo, mas em voga nas bocas e broncas...) da amada.E acontece que, o olhos dela não brilham, o sorriso não sai... o abraço não “pula ao peito”, o beijo é daqueles que se aprendeu a dar desde criança, beijo de agradecimento imperativamente indicado pela mãe como prova da boa educação dada por ela.Nesse momento, os práticos, esforçados homens pensam logo sbre onde foi que erraram.Parece injusto,não é? Injustiça mesmo? (verdades, constatações, trazem essa impressão), mas queridos, essa humilde escriba (na verdade,aspirante ainda) já disse em trecho anterior, essas mulheres modernas, despachadas, descoladas ou qualquer outro “ada”, continuam com sensibilidade aguçada(muitas com talento dramático até), e isso, caro amigos, não mudou com o tempo.
Há ainda hoje, mulheres sonhadoras, românticas (embora a maioria queira esconder isso). Melhor dizer, todas elas ainda guardam consigo essas características, mesmnda que sutis ou mascaradas. Por mais que pareçam não se importar com manifestações de afeto do tipo “antigas” (como algumas falsamente denominam) adoram e se emocionam com declarações de amor, ao serem surpreendidas com uma visita surpresa do “dito cujo” no meio da tarde em plena segunda-feira, um e-mail imenso descrevendo o quanto a relação está fazendo bem a ele(digo aqui, e-mail redigido pelo remetente e não aqueles “lixos” encaminhados e meio milhão de pessoas) ou ainda, aquela mensagem de texto no celular segundos depois da despedida na porta da casa.Outras, embora pareçam valorizar em demasia, objetos de valor (leia-se presente caros), não há aquela que não se derreta diante de uma rosa, e não falo aqui de buquês caríssimos, ou flores raras não, falo da rosa roubada no quintal alheio, de talo quebrado comprovando o delito, e ainda a história contada da bronca recebida pelo roubo da flor seguida de gostosas gargalhadas.
Devo dizer ainda, caros homens, dos detalhes. Não os detalhes do embrulho do presente, da roupa bordada, das pedras raras contidas naquele anel dado a namorada na data comemorativa. Falo aqui de detalhes eternizados quando observados, do olhar dentro dos olhos, da mão acariciante, do abraço forte e demorado seguido de palavras doces ao ouvido, do tempo reservado ao momento (mesmo quando esse é escasso), da atenção ás expressões facais após a declaração de amor sincera e profunda, dos ouvidos destinados a escutar (não digo ouvir para interromper,falo escutar respeitosamete), das mãos a tocar como se inédito fosse, do colo a doar sem a necessidade d pedido.

É simples: mulheres = detalhes. Experimentem, caros homens, a atenção á elas, aos detalhes...funciona!


Ana Paula Almeida
08-03-2010




Olhos abertos

Acordei mais cedo
Para [re]ler-me

Acordei mais cedo para sentir
Os que ainda dormem

Que lugar de mim ocupo
O espaço vazio

Abri os olhos para rever
Minhas reticências

Restolhos dos amores que se vão
O que fica como longínqua lembrança

Resolvi, nesta manhã
Revisar desprazeres

Retirar ressentimentos incômodos
Aceitar minhas reticências

Aprimorar meus pontos finais
Eternizar os “depois” do ponto-e- vírgula

Deixar de pensar no amanhã distante
Saborear as delícias do hoje aniversariante

O certo é que não sei o que virá
E se é assim, o que chegou pode bastar

Não acordei com mil sorrisos
Mas com milhões de desejos de tentar

Talvez anjos noturnos tenham me levado
A esse lugar que amanheceu em mim

Ambiente de leveza
De paixões incompreendidas

Quero hoje o inacabado
O que vem de dentro

O que se vai,
Mas deixa rastros

E uma vontade imensa de partir
Para o melhor de mim


Ana Paula Almeida
09/03/2010

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010



















[Ar]risco tua pele eriçada...
Tateio desejos infindos!


Branca

Quereres

Quero o riso
Brisa fresca

Leveza de alma
Amor e calma

Quero sim e não
Em seus lugares

Bagunçar o coreto
Cair e levantar

Sorrir ao vento
Gargalhar com meus tropeços

Amores eternos de uma noite
Desejos infindos de minutos

Começar colocando ponto final
Esquecer as reticências problemáticas

Quero leveza
Riso preso no canto da boca numa segunda

Tudo novo de novo...
Ana Paula Almeida

Surreal

Mil e uma festas dentro de mim
Palavras celebram a alma

Tenho mania de viagem
Por vezes me pego assim, viajante passional

Habitante do paraíso existente no imaginário
Surpreendo-me sentindo o gosto do vento

Provando a leveza da alma
Tocando o abstrato

São dias que acordo em lugares estranhos
Daqueles que não estão nos roteiros das agências de viagens

E que são verdadeiros paraísos
Que fotografias não mostrariam

Viagem gratuita
De prazeres infindos

Viajo só e apaixonada
Sem música nem nada

Em dias assim, mergulho no prazer
Olhos fechados, percepção latente

São dias que dispensam outrem
Egoístas sensações, olhares, prazeres

Dias de me achar e me perder
Tudo com sua devida hora e importância

Momentos em que me basto incompleta
Saio de mim para o melhor que poderia encontrar

Faço meu samba
Coreografo meu prazer

São desses dias em que se agradece por viver
Qualquer lugar é paisagem, qualquer som a melodia perfeita

O coração faz festa, a razão tira férias
E a consciência se ausenta

Qualquer ventinho é arrepiante
Uma frase vira poesia

Dias de beleza interna
Amor espontâneo

O mundo dança comigo
O ritmo é livre, alma solta

Ah, dias como esses são orgasmos naturais
Fartos prazeres surreais

Leveza de ser, estar, sentir
Dias assim são curtos...

Tem o tempo suficiente para no despertar
E nos deixam de presente a leveza gostosa do simples

Momentos de paixão solitária
Satisfação da alma

Dias assim deixam saudade
Legado inesquecível

Depois que os pés voltam ao chão
Reconhece-se a pedras que lá estão

Mas a alma...
Essa não volta ao seu tamanho!


Ana Paula Almeida
22/02/2010


Bom dia...

Negro menino
Habite-me

Eu na tua
Tu em outra

Desejos que se fundem
Sentimentos intrusos

Incertezas, prezeres
Peles e cheiros

Carne viva
Corações secundários

Desejo e descontrole
Deseja-se o descontrole

Momentos de quereres
Querer o "não envolver-se"

Intante, instantes
Loucura, loucuras

Deixemo-nos "nos perder"
Infinito desejo, toques únicos

Consciência se aproxima... fina,inquietante
Desejo se vai,esvairindo "á francesa"

Bom dia negro menino
Desabite-me,o sol chegou

E com ele o mundo
O despertar do indefinido


Menino negro
Decobriu-me

Desejos negros
Despedida cortante


Ficou em mim...
Contraste de cor...


Sentimento confuso
Vá menino!

O amor pode chegar...
Bom dia!

Ana Paula Almeida

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010


Espera


A esperança é para ela era da sua cor preferida

Rosa verde guardada dentro do livro de cabeceira


Bem ali, ao lado do travesseiro em que repousa os sonhos

Ao lado dos chinelos em repouso no chão


Lugar que não é onde ela deseja estar

Chinelos brancos, símbolo da paz que tem o anoitecer


Ali estão seus passos,

O trajeto dos dias em direção ao desconhecido


Ela fecha os olhos e enxerga

Antes de dormir, vê seus sonhos


Ainda distantes, mas os vê

Eles ainda estão lá


Boa noite!

Ela fecha os olhos e enxerga...

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