quinta-feira, 11 de março de 2010





O que me cabe

Tenho buscado a mão que toca
A música que canta
O sentimento que sente
O amor que arrebata
Desejo que arde
Colo que acolhe

Tenho buscado o calor de Cuiabá
O frio do inverno europeu
O sorriso preso no canto da boca
O fitar os olhos dentro
Colo que doa sem pedido
Lágrima que leva embora a aflição
Poesia que redime


Tenho buscado sentir para depois dizer
Dizer o que a alma grita
Gritar o que me agita
Desafiar o que me acovarda
Atenção que conforta a dor

Tenho tentado deixar os outros
Agradar-me com o carinho que desejo
Dar-me mais beijos
Afagar a alma carente


Tenho procurado o “interno”
O que sai de dentro
O “ser” antes do “estar”
O que o dinheiro é incapaz de alcançar
Como quero estar em vez de onde quero chegar

Tenho buscado o silêncio que diz
O olhar comunicativo
O outro incompleto e companheiro
A leveza do amor que abriga
Cumplicidade exercida

O amor que fica quando o resto se foi
A falta de palavras diante do olhar sincero
A sinceridade dos desafetos
A afetividade dos sinceros


Quero ainda a lealdade difícil
O corte doído das palavras sinceras
Os “nãos” necessários ao crescimento
O sim de coração aberto
O encostar no travesseiro de consciência alva

Quero muito?
Não!É o que minha alma comporta!


Ana Paula Almeida

Um comentário:

Anônimo disse...

o querer na essencia do ser neste poema voce envolve algo de sombra e espelho de fora para dentro...SOBRIO

PEDROSA