terça-feira, 29 de novembro de 2011




Asas

Acordei de alma nua
Despida de temores
Durante a noite, devo ter abandonado meus medos e inseguranças
Ao amanhecer,
Asas invisíveis compunham meu visual matinal
Asas lindas
Posso até não voar até o fim do dia
Mas o gosto da liberdade já está em mim.

[Ana Paula Almeida]

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Poetar maravilhas


Quem me dera a poesia me tomar externamente
Me compor por dentro e por fora
Me abandonariam as angústias do ofício que não me preenche
O vazio das incompreensões que me afligem

Quem me dera nadar em versos
Ondas de palavras
Vestir metáforas
Experimentar a perfeição textual

Lançar livros de vida
Pílulas poéticas receitar
E me lançar sem me preocupar
Com as contas a pagar
A falta de opção para votar

Quem me dera não acordar
Me eternizar no mundo do ser e não estar
Com Cecília suspirar
Espanca[r] a mediocridade com a ousadia de Florbela

Quintanar
Lagoar
Drummondar

Quem me dera desse sonho viver
E me perder no labirinto poético
Alice a poetar
No país das estrofes

Ri[mar]
[Ar]riscar

Poetar, poetar
Quem me dera não acordar


Ana Paula Almeida

quarta-feira, 26 de maio de 2010



Ficam os sonhos


Em dias assim me faço estranha
Mente que pensa e não acompanha a alma
Dias de sonhos em preto e branco
De lógicas sem sabor
Atitudes sem paixão

São dias em que estou
Dias de não ser
De morrer por dentro
Para renascer chama miúda
Tímida e desobediente

A esperança que nunca me deixou
Carrega o peso da solidão
Alimenta a alma de mil sonhos
Todos deliciosamente impossíveis
Improváveis se ditos a alguém

Sonhos meus
Me acompanham desde a pequenice
Saíram dos contos de fada
Foram se transformando
Deformando a cada ano
Mas, continuam sonhos

Podem me tirar tudo:
Os prazeres tarifados
O vestido predileto
A beleza
A pele juvenil

Mas os meus sonhos,
Ah, esses ninguém toca
Os carrego aqui no peito
Atrás das cortinas da alma

Me levem tudo,
Mas me deixem sonhar
Não aprendi viver de outra forma
É o meu alimento

Ana Paula Almeida

quarta-feira, 19 de maio de 2010




Poesia cênica

Gestos miúdos

Palavras caídas

Versos deserdados

Um sentir roubado

Arrancado do óbvio

Contrário ás pequenices

Gozo silencioso

Segredo partilhado

Ser, essência

Estar ignorado

Sou ser

Ser só

Ser e só

Isso basta!


Danço em versos
Encontro o inverso
Mergulho in verso
Resisto reverso

segunda-feira, 17 de maio de 2010




Poesia Cênica


Tarde de sol

Encontro de almas

Oito de maio

Mês do ser terreno maior

Ás quatro e alguma coisa


Naquela tarde,

Festa de seres

Rito teatral

Irmãos de alma

Palco de cada ser


Essência compreendida

Gestos em sintonia

Sincronicidade espiritual

Um não entender de mãos que buscam

Vão de encontro ao ser


Individual e compartilhado

Sintonia fina

Sensibilidade em cena

Desfile de invisibilidades

Abstrato inteligível


Nossas almas deram as mãos

Os corações dançaram

Ciranda de palavras mudas

Comunicação ímpar

Gestos singulares


A alma chorou

O ser sorriu

Minha essência era verde(cor predileta)

Dancei o ballet perfeito

Cantarolei o achado em mim


Risos,lágimas

Eis-a aqui

Catarse!

Minha,toda minha...Ah!





Ana Paula Almeida

domingo, 25 de abril de 2010



Mar de dentro


Palavras miúdas
Intimidade ociosa
Conhecedora de nadezas
[nada sei,só quero ser,só o ser]

Assim me encontro
[Inverso, in verso, em versos]
Quando o baile termina
A fantasia me cansa

Caio em mim
Queda livre
Despenco sem jeito

O cardíaco acelera
Já havia a espera
Desse momento sublime


Me encontro em mim
Ah, deliciosamente me acompanho
Inteira, intensa, verdadeira


A madrugada cessa
O sol me apressa
E quase não retorno

Um dia não volto
Permaneço, enlouqueço
Bem dentro de mim


Será assim, partida sem volta
Mergulho dentro, sem resgate
Nadando no meu ser
[mar de dentro]

Não voltarei, vocês vão ver!


Ana Paula Almeida