Sem resposta
E se de mim brotam versos
Sem formato, palavras rebuscadas, metáforas
E alheios aos gêneros poéticos
E moldes das poesias dos grandes
Explicar o motivo, não sei!
O que posso dizer é que
A solidão se faz presente sempre
Impiedosa e inconveniente
Fica ali à espreita, recôndita
Como cobra que prepara o bote
Traiçoeira solidão
E se minhas palavras, provenientes do desabafo incontrolável e latente
Prosa ou poesia poderiam ser, realmente não sei!
Sei sim da necessidade de externar o que corrói me por dentro
Inquieta a alma e me faz sentir alívio, dor, amor, alegria...
Um turbilhão de sentimentos difusos,
Que me deixam perdida, vendida
E se ao som de Bach sentimentos
Desconhecidos se apresentam insistentes
Me pergunto em que momento dos poucos anos vividos
Permiti que me acompanhasse a melancolia incessante ?
Se palavras que não aprendi na escola saem dos meus dedos
O gosto pela poesia e o hábito de isolar-me presentes estão,
Não tenho a competência de entender e explicar
Como ou porque de mim saem versos!
Ora de mel, ora de fel
Se nas quadras da infância, não fui apresentada a poesia
Nos tempos da adversidade, contato não tive com a literatura
E muito menos me foi explicado que algumas almas, desse mal delicioso sofrem
Como poderia eu, explicar o porque de mim saem versos,
Naturais como a gostas de suor na face?
Como explicar a necessidade de poetizar,
Escrever versos advindos do eu desconhecido e solitário,
Sem estilo, moldes e repertório poético?
Me inquieta a não-resposta de tais questões
O gosto pelo que não me foi ensinado
Escrevo, não sei por quê
Enxergo poesia na vida e por isso,
Sinto gozo, tristeza
Mas o que me inquieta mesmo,
É esse sentir,
Sem porque, sem pedir
É sentir a poesia da vida,
Solitária e incompreendida
Entre quatro paredes,
Como se a esse mundo ácido eu não pertencesse!
Ana Paula Almeida
09-05-2009
Um comentário:
"Mas o que me inquieta mesmo,
É esse sentir,
Sem porque, sem pedir
É sentir a poesia da vida,
Solitária e incompreendida
Entre quatro paredes,
Como se a esse mundo ácido eu não pertencesse!"
Ainda que em quatro paredes, saiba, o mundo te lê!
Belíssimo texto, parabéns! A poesia já mora em ti!
Márcia
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