quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Poetar maravilhas


Quem me dera a poesia me tomar externamente
Me compor por dentro e por fora
Me abandonariam as angústias do ofício que não me preenche
O vazio das incompreensões que me afligem

Quem me dera nadar em versos
Ondas de palavras
Vestir metáforas
Experimentar a perfeição textual

Lançar livros de vida
Pílulas poéticas receitar
E me lançar sem me preocupar
Com as contas a pagar
A falta de opção para votar

Quem me dera não acordar
Me eternizar no mundo do ser e não estar
Com Cecília suspirar
Espanca[r] a mediocridade com a ousadia de Florbela

Quintanar
Lagoar
Drummondar

Quem me dera desse sonho viver
E me perder no labirinto poético
Alice a poetar
No país das estrofes

Ri[mar]
[Ar]riscar

Poetar, poetar
Quem me dera não acordar


Ana Paula Almeida

2 comentários:

brincator palhaço pequi disse...

reler ou ler de novo não sei so sei que é bom caminhar com olhos em seus poemas

PEDROSA

Gerson Neto disse...

Quem escreve sobre a própria alma
Expõe a carne e o pudor em público.
É como atravessar a praça nua
Cavalgando um Cavalo Branco.
É preciso coragem de leoa
Ou inocência de gazela.