Quem me dera a poesia me tomar externamente
Me compor por dentro e por fora
Me abandonariam as angústias do ofício que não me preenche
O vazio das incompreensões que me afligem
Quem me dera nadar em versos
Ondas de palavras
Vestir metáforas
Experimentar a perfeição textual
Lançar livros de vida
Pílulas poéticas receitar
E me lançar sem me preocupar
Com as contas a pagar
A falta de opção para votar
Quem me dera não acordar
Me eternizar no mundo do ser e não estar
Com Cecília suspirar
Espanca[r] a mediocridade com a ousadia de Florbela
Quintanar
Lagoar
Drummondar
Quem me dera desse sonho viver
E me perder no labirinto poético
Alice a poetar
No país das estrofes
Ri[mar]
[Ar]riscar
Poetar, poetar
Quem me dera não acordar
Ana Paula Almeida
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Ficam os sonhos
Em dias assim me faço estranha
Mente que pensa e não acompanha a alma
Dias de sonhos em preto e branco
De lógicas sem sabor
Atitudes sem paixão
São dias em que estou
Dias de não ser
De morrer por dentro
Para renascer chama miúda
Tímida e desobediente
A esperança que nunca me deixou
Carrega o peso da solidão
Alimenta a alma de mil sonhos
Todos deliciosamente impossíveis
Improváveis se ditos a alguém
Sonhos meus
Me acompanham desde a pequenice
Saíram dos contos de fada
Foram se transformando
Deformando a cada ano
Mas, continuam sonhos
Podem me tirar tudo:
Os prazeres tarifados
O vestido predileto
A beleza
A pele juvenil
Mas os meus sonhos,
Ah, esses ninguém toca
Os carrego aqui no peito
Atrás das cortinas da alma
Me levem tudo,
Mas me deixem sonhar
Não aprendi viver de outra forma
É o meu alimento
Ana Paula Almeida
segunda-feira, 17 de maio de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
Mar de dentro
Palavras miúdas
Intimidade ociosa
Conhecedora de nadezas
Assim me encontro
[Inverso, in verso, em versos]
Quando o baile termina
A fantasia me cansa
Caio em mim
Queda livre
Despenco sem jeito
O cardíaco acelera
Já havia a espera
Desse momento sublime
Me encontro em mim
Ah, deliciosamente me acompanho
Inteira, intensa, verdadeira
A madrugada cessa
O sol me apressa
E quase não retorno
Um dia não volto
Permaneço, enlouqueço
Bem dentro de mim
Será assim, partida sem volta
Mergulho dentro, sem resgate
Nadando no meu ser
[mar de dentro]
Não voltarei, vocês vão ver!
Ana Paula Almeida
De lado
Um coração ali no canto
Pronto para o depois
O depois dos compromissos
Do objeto adquirido e pago
Depois do que há de mais racional
Após as fases críticas
O coração ali,
Quieto num canto qualquer
Ele espera!
Ah, ele espera sim
Não é hora para amar
Se envolver
Deixa isso pra lá
Aguardando tempo confortável
Passe mais tarde,
Sentimento inconveniente, intruso
Ora, essa não é a hora!
Sem envolvimentos afetivos
Anos, dias, horas
O coração virou decoração daquele canto
E ali, bem do lado
O remédio estacionado
Necessidade da idade avançada
Remédio que não tira a dor do peito
O ancião ficou irado
Arrependimento, depressão...
O médico falou em coração
Logo esse?
Poupado, colocado num cantinho
Durante todo o seu caminho
Ana Paula Almeida
Ah, se jogue!
Vá lá
Sinta corações
Moço infeliz
E o que diz?
Medo, reservas?
Moço, moço
Se permita
Sinta
Ame
Odeie
Grite!
Esteja aí nesse peito
Habite-o com teu melhor
O mais intenso de ti
Moço, moço
As coisas, crises,amores
Se vão,se vão
Grite, meu rapaz!
Diga a que veio
Tens um coração
Permita-se
Ame-se
Sinta,sinta,sinta
Não permaneça assim:
Sem ti
Ana Paula Almeida
terça-feira, 13 de abril de 2010
Outros olhares
Eu inteira
Ele pedaço
Eu já
Ele quase
Ele espera
Eu me acho
Eu me jogo
Ele calcula
Ele analisa
Eu anseio
Eu passo
Ele não sente
Ele reservas
Eu incêndio
Me jogo
Ele reflete
E enquanto permaneces no quase
Eu sem ti
**********
Eu na tua
Tu em outra
Eu na lua
Tu me vês nua
Eu coração
Tu indecisão
Eu parto
Tu não vês
**********
Dispo anseios
Desejos de amor terno
Jogo palavras sentidas
Sentimentos de vida
Ele vê
Minhas curvas
A roupa caída
As pego no chão
E parto com minha solidão
Sentir não é com esse João!
***************
Hoje sonhei tão alto
Que levitei ao acordar
Do partido alto ao altar
Decidi então me aprumar
Vai que eu goste de lá
***************
Incompreendida sempre fui
Da família aos amores
E isso é morno
Bom mesmo foi quando fui persona non grata
E pensei: isso ainda me mata
*******************
A minissaia
Dispensou palavras gentis
Deixou de lado as discussões filosóficas
Idéias e ideais prolixos
Foi quando ele quis
Que ela fosse atriz
E esquecesse o texto
O resto foi contexto
******************
Eu não sou nada disso que está pensando
Mas não me interessa te provar o contrário
Pois me vês
Exatamente como eu gostaria de ser
Prefiro a ilusão do meu avesso
***********************
Seus dedos vieram me dizer
Que não lhe interessa sentir
Tatear é o seu prazer
E eu, propositadamente
Finjo que não entendi
Inconsequente, me entrego a ti
*******************
Já entendi
Sem amores e afins
Mente sem conexão ao coração
Interessa o lugar da mão
Se amores ficam ou vão
É uma outra questão
********************
Coração escondido
Mascarado, amuado
Prazer revelado
Medo escancarado
O desse moço tarado
******************
Fico aqui,
Espectadora das tuas reticências
Até que eu perca a paciência
O faça pagar penitência
Sarar dessa doença
Ou, simplesmente
Partir sem clemência
Ana Paula Almeida
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Carrego no bolso algumas frustrações
E na alma, a vontade de partir
O peito é hotel de emoções indisciplinadas
Posso ainda errar, mas posso também voar
Tentar tocar um coração com reservas
Mas também conhecer mais o meu, destemido e incorrigível
Amar quem não me ama,
Mas também ensinar o caminho da permissão
Posso até não ser o que desejei
Mas posso, ainda ser a que me satisfaz intimamente,
Bem lá no fundo, naquela parte de mim que só eu visito
Com entrada vip, conhecedora daquela que não fui, mas que desejei
Mesmo diante do improvável sensato,
Da impossibilidade real
Ainda não conseguindo ser o que esperaram de mim,
Tenho aqui, guardados como souvenirs segredos singulares
O que afaga a alma, dá o brilho efêmero e indizível aos olhos
Desta sonhadora que sempre fui e serei
Tenho em mim a solidão companheira desde as quadras da infância
Que me faz repousar em versos tristes e libertadores
Uso de palavras afrodisíacas para o meu prazer mais solitário
Ainda aqui, bem dentro de mim
Trago comigo o silêncio necessário a sapiência que tanto almejo
Solidão que nenhum namoro ou casamento poderão levar
Se ainda não me alcancei, não sei
Sei que permaneço Fernando Pessoa,
Tendo em mim todos os sonhos do mundo
Ana Paula Almeida
Permaneço
Não, dessa vez não fugirei
Fico e provo seu veneno
Permaneço em ti
Agora sem a tentativa de ser incrivelmente moderna
Ou antiguíssima caçadora de emoções
Dou lugar agora ao silêncio, ele fala!
E se teu silêncio me disser “pode entrar”
Ou ainda, “não é a hora”
Espero sim a resposta
Não, não saio de cena sem atuar
Se romance, comédia ou drama
Só saberei no fim do espetáculo
Faço-me platéia!
Ana Paula Almeida
domingo, 28 de março de 2010
Tempo
Que tempo é este o teu, meu senhor?
O tempo te deixou tolerante, eu sei
Mas do meu tempo não tens a medida
De ti eu já nem sei
Conhecia sim a ternura antiga
Que por ti fantasiei, criei
Criança de ti ainda, inocente do teu ser
Ser homem sonhado
Ter os anos ao teu lado
Em que tempo, meu senhor
Alcanço tua alma fugidia?
Diga-me senhor,
Que minutos contam teu coração?
Senhor de imagem
A dor que se sente não sai no jornal
E depois de transar palavras
Fecundar olhares
Responda-me senhor,
Como sair do teu tempo
O sentido ficou anti-horário
Ponteiros indisciplinados aceleram o sentir
E meu senhor,
A hora de partir eu já vi
Se difícil é partir
Doído é te seguir nesse tempo
Tuas horas não são as minhas
Tens coração disciplinado, alma obediente
E eu, meu senhor
Quase não entendo essa calma de vossa alma
Não a consigo em mim
Coração desorganizado
São tempos diferentes, meu senhor
Ponteiros desencontrados
Meu tempo de seguir
Esbarra no teu de parar
Hoje vou querer contar as horas
Da tua distância, das tuas reservas e receios
Conto os minutos, decido o tempo
Digo-lhe então:
É tempo de se permitir, meu senhor!
Ou já não mais encontrarás esse tempo...
Ana Paula Almeida
terça-feira, 16 de março de 2010
De longe
Me deixe te dizer que prefiro calar
Eu, pessoa de palavras não as quero agora
O cheiro da partida me deixa tonta
O medo do olhar que parte me faz covarde
Fico aqui com teu cheiro
A sorrir os sorrisos de outrora
Permaneço aqui, sentinela
Fico com a que fui ao teu lado
E o fim explicado, justificado para que serve?
Fico ainda com o melhor que fomos na insensatez
Não quero teu rosto de despedida
Palavras comedidas,estudadas
Nada do que se vai isso teve
Teve sim, a ousadia do "não-pensar"
Fico aqui, de longe a acenar
Se for a ti, fico Jacques Brel suplicando "ne me quite pas"
Prefiro o sorriso do último encontro
A ternura de mãos a acariciar
Fico com a sensação de "lugar-comum" de seus braços
Tuas mãos e esculpir meu corpo
Escollho lembrar-me do "até mais"
A te dizer "adeus" sem lugar para as mãos
Despeço-me em ti,
Fugindo do desejo desobediente
Despeço-me consciente
Dos dias, horas deliciosas ao lado teu
Deixo-te em meus versos o meu "adeus"
E com ele, a satisfação da alma leve nos dias em ti
Parto com a leveza que tua companhia me deu
Com o sorriso que o recebi
É difícil dizer adeus com vontade de ficar
Mas agora volto ao meu lugar
Com a certeza de que "foi lindo!"
Branca
segunda-feira, 15 de março de 2010
Partida
Se te dei meus sonhos cor-de-rosa
Se construí meus castelos sobre teu peito
Se me perdi em teus lindos olhos
Se minhas pernas ainda estão entre as tuas
Me diz agora com que pernas posso partir?
Se nas noites a ti me entreguei
Se meu corpo clama tuas mãos
E se as minhas só desejam tua pele
Agora me conta como hei de partir?
Se ao te conhecer tua fui
Se ficou para trás a solidão
E contigo fui amor, amada, amante...
Agora me conta como hei de partir?
Fiz tantos planos,rompi com meus peconceitos
Se para ti escancarei meu peito
Como, se nos amamos da forma mais bonita
Me diz agora como posso partir?
Se dei meu coração para tomares conta
Se já perdemos a noção da hora
Se juntos ouvimos Chico,fomos cúmplices
Agora conta como hei de partir?
Se fiz do meu caminho o teu
Diz por onde devo seguir
Se meus pés ainda estão no teu chão
Me diz pra onde é que ainda posso ir?
Se jogaste nossa história num livro de memórias
Diz-me agora onde me encontrar
Como ir se ainda não tenho a mim
Rompi com mundo, joguei fora o que tive outrora
Me diz pra onde ainda posso ir....
(baseado na música EU TE AMO Tom Jobim/Chico Buarque)
Ana Paula Almeida
Ana Paula Almeida
16/05/2009
Lembretes
É preciso não esquecer nada:
nem os sorrisos, nem os olhos brilhantes
nem a palavra, nem o silêncio exato
É preciso não esquecer os sentimentos
Chorar e sorrir se preciso for
Mas nunca esquecer o amor
É preciso esquecer as palavras doloridas
Os erros inevitáveis
E o orgulho insistente
É preciso não esquecer de ver a nova pessoa
Que nasce depois do erro reconhecido
Reconhecer os belos momentos vividos
O que é preciso é esquecer
O dia carregado de atos
Observar o céu de sempre como novo
E não esquecer nosso rosto
O que é preciso mesmo é viver cada dia
Como uma nova chance
Recomeçar sempre com amor renovado
O que é preciso é ser como se já não fôssemos
Amar incondicionalmente
Pois o resto... o resto não nos pertence
Ana Paula Almeida
Ana Paula Almeida
Versos de liberdade
Se soubesse poetar....
Escreveria libérrima
Trataria logo de fugir
Carregaria comigo
O jogo livre das palavras que libertam
Brincaria com os vocábulos
Faria metáfora a cada olhar
Se soubesse poetar...
Leria pensamentos
Estudaria sentimentos
Para depois brincar
Ironizar com as palavras
Se soubesse poetar...
Me daria a alforria
Dos dias monótonos
Me libertaria da mediocridade
Dos meus egoísmos e narcisismos
Se soubesse poetar...
Daria um chute na solidão
Chamaria de tola a tristeza
Se soubesse poetar...
Tomaria só para mim
Entorpecidos de paixão
Os amores que desejei
E os que me rejeitaram
Se soubesse poetar....
Seria a princesa dos contos
Rainha do meu carnaval
Ana Paula Almeida
16-05-2009
Ana Paula Almeida
16/05/2009
Últimos desejos
E se de tudo que poderia ser
Pudesse escolher miúdos e simplórios presentes
Escolheria sorrisos de alma
E beijos de carne
Sorriria libérrima para os de alma podre
Beijaria a vida que não posso ter como se a tivesse
E se ainda me fosse oferecido, mesmo que por misericórdia
Um último presente
Escolheria sentir o frio na barriga frente ao amor impossível
Sentir, mesmo que por segundos, o gosto da paixão que liberta a alma!
Ana Paula Almeida
09-05-2009
quinta-feira, 11 de março de 2010
O que me cabe
Tenho buscado a mão que toca
A música que canta
O sentimento que sente
O amor que arrebata
Desejo que arde
Colo que acolhe
Tenho buscado o calor de Cuiabá
O frio do inverno europeu
O sorriso preso no canto da boca
O fitar os olhos dentro
Colo que doa sem pedido
Lágrima que leva embora a aflição
Poesia que redime
Tenho buscado sentir para depois dizer
Dizer o que a alma grita
Gritar o que me agita
Desafiar o que me acovarda
Atenção que conforta a dor
Tenho tentado deixar os outros
Agradar-me com o carinho que desejo
Dar-me mais beijos
Afagar a alma carente
Tenho procurado o “interno”
O que sai de dentro
O “ser” antes do “estar”
O que o dinheiro é incapaz de alcançar
Como quero estar em vez de onde quero chegar
Tenho buscado o silêncio que diz
O olhar comunicativo
O outro incompleto e companheiro
A leveza do amor que abriga
Cumplicidade exercida
O amor que fica quando o resto se foi
A falta de palavras diante do olhar sincero
A sinceridade dos desafetos
A afetividade dos sinceros
Quero ainda a lealdade difícil
O corte doído das palavras sinceras
Os “nãos” necessários ao crescimento
O sim de coração aberto
O encostar no travesseiro de consciência alva
Quero muito?
Não!É o que minha alma comporta!
Ana Paula Almeida
terça-feira, 9 de março de 2010
Proposta
Quero te pedir licença para hoje, me ausentar de nós
Talvez você não entenda, mas preciso, é preciso!
Ver-nos de longe, ainda que breve
Observar-nos de ângulo novo
Ver-me em ti
Vê-lo em mim
Perceber o que sentirá esse confuso coração
Com tua ausência forçada, premeditada por mim
Ver tua lacuna ferir
Aferindo comportamentos, inquietações
Medir você longuínguo
Analisar o que de dentro sai
Tê-lo, por hora
Em discretos versos
Me calo, distancio
A alma não, continua aflita
Ventilo rápido a tua ausência
Busco a leveza incessante
Branca
Difícil agradar as mulheres?
Resolvi sair da rotina dos românticos versos (nem sempre tão românticos, por vezes ácidos) para falar aos homens.
Ao sair de casa, bem cedo, coloquei um vestido florido bem longo, é dia da mulher!
E se alguns ou algumas não dão importância a isso, respeitemos. Queria sim estar mais feminina hoje, isso de ser mulher é algo especial, acreditem as que reclamam das desvantagens do chamado “sexo frágil”.
Durante o dia, resolvi observar o olhar masculino, direcionado a mim e as demais mulheres que me deparei hoje (que são muitas, se tratando da cidade em que resido e do fato de andar de ônibus). Usava decote, lábios pintados, nuca á mostra. Observei-me, observei-os, observei-as.
Intrigantes atitudes femininas e masculinas, ora homens femininos (digo nas reações, olhos perceptivos ao extremo), ora mulheres masculinas (de sensibilidade secundária, centradas,olhar no horizonte).Mas o que me fez tecer breve comentário, foi a reflexão a partir da observação de hoje junto as indagações de alguns homens acerca do universo feminino.
Venho, há alguns anos, observando o quanto os homens andam perdidos com relação á mulher “moderna” (digo dos tempos atuais, não quero aqui, conceituar o moderno ou pós-moderno, sendo isso de uma complexidade discursiva não interessante nesse momento). São amigos, conhecidos,desconhecidos(por eles mesmos, na maioria das vezes) que não sabem como agradar, conquistar uma mulher - ou mais de uma, no caso de alguns "indisciplinados"- digamos asim).Perderam a receita, desconhecem o roteiro ou coisa assim.Enfim, desconhecedores da “arte” de agradar uma mulher.
Não deixo de considerar algumas mudanças naturais, dessas com relação aos anos que correm (depressa demais até). E é claro, algumas coisas mudaram, a chamada “corte” se foi, algumas censuras aniquiladas com o tempo, proibições esquecidas. Agora, os sentimentos não, minha gente! Homens, meus amigos e afins, as mulheres continuam com um coração dentro do peito, e mais, a sensibilidade continua ali, aguçada. Pareço ridícula? Pois bem, faço-me entender, ou pelo menos, tentarei. Um sujeito se endividar para adquirir uma jóia caríssima para a amada, – não nego que agrada- ás vezes sem condições financeiras, ou ainda, sem qualquer paciência para a escolha da jóia que, acredita ele, posa agradá-la. Ou ainda, o indivíduo, dotado de boas intenções (o problema não é se são boas ou más, é como, de que forma,ou ainda, com que intensidade ele coloca em prática a vontade – em alguns casos, necessidade encarada como obrigação- de presentear e claro,agradar, o indivíduo se perde na escolha de um presente, dessa ou daquela marca, desse ou daquele valor(moeda mesmo) que faça a amada mulher se sentir importante, lisonjeada,valorizada.
Pois bem, dado o presente, o homem observa (costuma ser assim) a reação feminina, espera uma espécie de “feedback”(não me agrada esse termo, mas em voga nas bocas e broncas...) da amada.E acontece que, o olhos dela não brilham, o sorriso não sai... o abraço não “pula ao peito”, o beijo é daqueles que se aprendeu a dar desde criança, beijo de agradecimento imperativamente indicado pela mãe como prova da boa educação dada por ela.Nesse momento, os práticos, esforçados homens pensam logo sbre onde foi que erraram.Parece injusto,não é? Injustiça mesmo? (verdades, constatações, trazem essa impressão), mas queridos, essa humilde escriba (na verdade,aspirante ainda) já disse em trecho anterior, essas mulheres modernas, despachadas, descoladas ou qualquer outro “ada”, continuam com sensibilidade aguçada(muitas com talento dramático até), e isso, caro amigos, não mudou com o tempo.
Há ainda hoje, mulheres sonhadoras, românticas (embora a maioria queira esconder isso). Melhor dizer, todas elas ainda guardam consigo essas características, mesmnda que sutis ou mascaradas. Por mais que pareçam não se importar com manifestações de afeto do tipo “antigas” (como algumas falsamente denominam) adoram e se emocionam com declarações de amor, ao serem surpreendidas com uma visita surpresa do “dito cujo” no meio da tarde em plena segunda-feira, um e-mail imenso descrevendo o quanto a relação está fazendo bem a ele(digo aqui, e-mail redigido pelo remetente e não aqueles “lixos” encaminhados e meio milhão de pessoas) ou ainda, aquela mensagem de texto no celular segundos depois da despedida na porta da casa.Outras, embora pareçam valorizar em demasia, objetos de valor (leia-se presente caros), não há aquela que não se derreta diante de uma rosa, e não falo aqui de buquês caríssimos, ou flores raras não, falo da rosa roubada no quintal alheio, de talo quebrado comprovando o delito, e ainda a história contada da bronca recebida pelo roubo da flor seguida de gostosas gargalhadas.
Devo dizer ainda, caros homens, dos detalhes. Não os detalhes do embrulho do presente, da roupa bordada, das pedras raras contidas naquele anel dado a namorada na data comemorativa. Falo aqui de detalhes eternizados quando observados, do olhar dentro dos olhos, da mão acariciante, do abraço forte e demorado seguido de palavras doces ao ouvido, do tempo reservado ao momento (mesmo quando esse é escasso), da atenção ás expressões facais após a declaração de amor sincera e profunda, dos ouvidos destinados a escutar (não digo ouvir para interromper,falo escutar respeitosamete), das mãos a tocar como se inédito fosse, do colo a doar sem a necessidade d pedido.
É simples: mulheres = detalhes. Experimentem, caros homens, a atenção á elas, aos detalhes...funciona!
Ana Paula Almeida
08-03-2010
Olhos abertos
Acordei mais cedo
Para [re]ler-me
Acordei mais cedo para sentir
Os que ainda dormem
Que lugar de mim ocupo
O espaço vazio
Abri os olhos para rever
Minhas reticências
Restolhos dos amores que se vão
O que fica como longínqua lembrança
Resolvi, nesta manhã
Revisar desprazeres
Retirar ressentimentos incômodos
Aceitar minhas reticências
Aprimorar meus pontos finais
Eternizar os “depois” do ponto-e- vírgula
Deixar de pensar no amanhã distante
Saborear as delícias do hoje aniversariante
O certo é que não sei o que virá
E se é assim, o que chegou pode bastar
Não acordei com mil sorrisos
Mas com milhões de desejos de tentar
Talvez anjos noturnos tenham me levado
A esse lugar que amanheceu em mim
Ambiente de leveza
De paixões incompreendidas
Quero hoje o inacabado
O que vem de dentro
O que se vai,
Mas deixa rastros
E uma vontade imensa de partir
Para o melhor de mim
Ana Paula Almeida
09/03/2010
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Quereres
Quero o riso
Brisa fresca
Leveza de alma
Amor e calma
Quero sim e não
Em seus lugares
Bagunçar o coreto
Cair e levantar
Sorrir ao vento
Gargalhar com meus tropeços
Amores eternos de uma noite
Desejos infindos de minutos
Começar colocando ponto final
Esquecer as reticências problemáticas
Quero leveza
Riso preso no canto da boca numa segunda
Tudo novo de novo...
Ana Paula Almeida
Surreal
Mil e uma festas dentro de mim
Palavras celebram a alma
Tenho mania de viagem
Por vezes me pego assim, viajante passional
Habitante do paraíso existente no imaginário
Surpreendo-me sentindo o gosto do vento
Provando a leveza da alma
Tocando o abstrato
São dias que acordo em lugares estranhos
Daqueles que não estão nos roteiros das agências de viagens
E que são verdadeiros paraísos
Que fotografias não mostrariam
Viagem gratuita
De prazeres infindos
Viajo só e apaixonada
Sem música nem nada
Em dias assim, mergulho no prazer
Olhos fechados, percepção latente
São dias que dispensam outrem
Egoístas sensações, olhares, prazeres
Dias de me achar e me perder
Tudo com sua devida hora e importância
Momentos em que me basto incompleta
Saio de mim para o melhor que poderia encontrar
Faço meu samba
Coreografo meu prazer
São desses dias em que se agradece por viver
Qualquer lugar é paisagem, qualquer som a melodia perfeita
O coração faz festa, a razão tira férias
E a consciência se ausenta
Qualquer ventinho é arrepiante
Uma frase vira poesia
Dias de beleza interna
Amor espontâneo
O mundo dança comigo
O ritmo é livre, alma solta
Ah, dias como esses são orgasmos naturais
Fartos prazeres surreais
Leveza de ser, estar, sentir
Dias assim são curtos...
Tem o tempo suficiente para no despertar
E nos deixam de presente a leveza gostosa do simples
Momentos de paixão solitária
Satisfação da alma
Dias assim deixam saudade
Legado inesquecível
Depois que os pés voltam ao chão
Reconhece-se a pedras que lá estão
Mas a alma...
Essa não volta ao seu tamanho!
Ana Paula Almeida
22/02/2010
Bom dia...
Negro menino
Habite-me
Eu na tua
Tu em outra
Desejos que se fundem
Sentimentos intrusos
Incertezas, prezeres
Peles e cheiros
Carne viva
Corações secundários
Desejo e descontrole
Deseja-se o descontrole
Momentos de quereres
Querer o "não envolver-se"
Intante, instantes
Loucura, loucuras
Deixemo-nos "nos perder"
Infinito desejo, toques únicos
Consciência se aproxima... fina,inquietante
Desejo se vai,esvairindo "á francesa"
Bom dia negro menino
Desabite-me,o sol chegou
E com ele o mundo
O despertar do indefinido
Menino negro
Decobriu-me
Desejos negros
Despedida cortante
Ficou em mim...
Contraste de cor...
Sentimento confuso
Vá menino!
O amor pode chegar...
Bom dia!
Ana Paula Almeida
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Espera
A esperança é para ela era da sua cor preferida
Rosa verde guardada dentro do livro de cabeceira
Bem ali, ao lado do travesseiro em que repousa os sonhos
Ao lado dos chinelos em repouso no chão
Lugar que não é onde ela deseja estar
Chinelos brancos, símbolo da paz que tem o anoitecer
Ali estão seus passos,
O trajeto dos dias em direção ao desconhecido
Ela fecha os olhos e enxerga
Antes de dormir, vê seus sonhos
Ainda distantes, mas os vê
Eles ainda estão lá
Boa noite!
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